Übersetzungen

Poesie

EUGÉNIO DE ANDRADE

P o e m a

Alguém diz com lentidão:
«Lisboa, sabes…»
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.

Eu sei. E tu, sabias?

(In «Lisboa, Cidade Triste e Alegre»)

EUGÉNIO DE ANDRADE

G e d i c h t

Jemand sagt ganz langsam:
„Lissabon, weißt du…“
Ich weiß. Sie ist ein Mädchen,
barfüßig und leicht,
ein Wind, unerwartet und rein,
im Haar,
ein paar feine Falten
lauern um ihre Augen,
offene Einsamkeit
auf den Lippen und Fingern,
steigt sie hinab über Treppen
und Treppen,
und Treppen bis zum Fluss.

Ich weiß. Und du, wusstest du es?

(Übersetzung: B. Knobl)

Prosa

O MEU NOIVO
Acreditem-me ou não, tanto faz, mas isto passo-se assim:
Estava eu ao pé da costureira e pedi-lhe uma agulha. Não, ela é que ma pediu a mim e eu levantei-me e fui buscar o meu agulheiro. Ofereci-lho, dizendo: olhe que está aí um cento de agulhas, que tal?
É uma riqueza, foi como ela me respondeu.
Salta logo dalí o mei irmão: é mentira!
É mentira? – pregunto-lhe eu indignada.
É mentira e é mentira e é mentira!
Meu grande malcriado!
Não são agulhas são soldados, diz-me ele.
Deastei a rir e desenrosquei o meu agulheiro. E eu a trirar as agulhas e o João a gritar: ena, tanto soldado! Não fiz caso do que ele dizia e volto-me para a mulher.
Conta-me um história?
Ainda é menina de histórias? – respondeu-me ela-
E eu corei.
Então cante-me uma cantiga.
Uma cantiga?
Tornei a corar. A costureira troçava-me, já se sabe.
Disfracei então e pus-me a falar de fatos. Gostava de ter um muito lindo e muito cumprido…
Para ir ao baile? – diz-me ela.
Isso mesmo, para ir ao baile, respondeu-lhe eu. Faz-me um assim?
Porque não hei-de fazer? E riu-se. Eu ri-me também.
Passaram naquele momento dois rapazes a cavalo e fui vê-los à janela. Vai um, atira-me uma flor que trazia na boca. Apanhei-o no ar. Volto-me para a mulher, envergonhada.. Ela riu-se outra vez.
Estou noiva, diss-lhe eu.
Parece-me que sim. E desatamos ambas à gargalhada.
Conhece-os? – perguntei-lhe eu.
Mutio bem. Um é Julião e o outro Jerónimo.
O meu noivo é o Jerónimo. Casaremos para o ano.
A senhora quer fazer o meu enxoval?
Então não havia de querer? – respondeu-me a costureira.
Um enxoval lindo, que eu tudo mereço!
Pois…
Mal sabia ela!
Isto foi num dia, num dia… de Abril ou de Maio. Havia já muitas rosas. Depois, quantas vezes tornou Jerónimo a passar, a pê e a cavalo?
O certo è que nos vamos casar. Dizem que ainda sou muito nova, mas se eu gosto tanto dele!

(Quelle: O Meu Noivo. In: Irene Lisboa, Uma Mão Cheia De Nada, Outra De Coisa Nenhuma. Livraria Figueirinhas, Barcelos, 1984.)

MEIN VERLOBTER

Ob Sie es nun glauben oder nicht, aber genauso hat es sich zugetragen:
Ich stand neben der Schneiderin und bat sie um eine Nadel. Nein, sie bat mich darum und ich stand auf, um mein Nähkissen zu holen. Ich reichte es ihr und sagte: Schauen Sie, hier sind hundert und mehr Nadeln, was sagen Sie dazu?
Ein wahrer Schatz, war ihre Antwort.
Da springt mein Bruder auf: Das ist gelogen!
Gelogen? – frage ich entrüstet.
Gelogen und gelogen und gelogen!
Du ungehobelter Flegel!
Das sind keine Nadeln, sondern Soldaten, antwortet er mir darauf.
Ich musste laut lachen und zog die Nadeln aus dem Kissen. Ich am Werfen und João am Schreien: Uuuh, soviele Soldaten. Ich kümmerte micht nicht um das, was er sagte, und drehe mich zu der Frau:
Erzählen Sie mir eine Geschichte?
Immer noch das kleine Mädchen, das Geschichten hören will? – erwiderte sie.
Und ich wurde rot.
Dann singen Sie mir ein Lied.
Ein Lied?
Ich wurde nochmal rot. Die Schneiderin machte sich über mich lustig, das war ja klar.
Ich verstellte mich und begann nun, über Kleider zu reden. Ich hätte gerne ein ganz schönes, ganz langes…
Um tanzen zu gehen? – fragte sie.
Genau, um tanzen zu gehen, antwortete ich. Nähen Sie mir so eins?
Warum sollte ich das nicht tun? Und dann lachte sie. Und ich lachte auch.
Genau in diesem Moment ritten zwei Burschen auf dem Pferd vorbei und ich ging ans Fenster, um zu gucken. Kommt der eine, wirft mir eine Blume zu, die er im Mund hatte. Ich fing sie in der Luft auf. Ich drehe mich zu der Frau um, ganz verlegen. Sie lachte wieder.
Ich bin verlobt, sagte ich zu ihr.
Sieht ganz danach aus. Und wir brachen beide in Gelächter aus.
Kennen Sie sie? – fragte ich sie.
Sehr gut. Der eine ist Julião, der andere Jerónimo.
Mein Verlobter ist Jerónimo. Nächstes Jahr heiraten wir. Möchten Sie nicht meine Brautausstattung nähen?
Wie könnte ich das nicht wollen? – antwortete mir die Schneiderin.
Ein schöne Brautausstattung, genauso wie ich es verdiene.
Tja…
Sie hatte keine Ahnung.
Das war an einem Tag, einem Tag… im April oder Mai. Es wuchsen schon viele Rosen. Wie oft kam Jerónimo später wieder, zu Fuß und auf dem Pferd?
Jedenfalls werden wir heiraten. Man sagt zwar, ich sei noch sehr jung, aber wenn ich ihn doch so gern habe!

(Übersetzung aus dem Portugiesischen: Brigitte Knobl)